Agiotagem: suspeitos emprestavam dinheiro vindo da Colômbia e controlavam dívidas em cartões; R$ 5 milhões bloqueados
11/11/2025
(Foto: Reprodução) Operação Macondo: polícia desmantela esquema de agiotagem com juros de mais de 30%
Os suspeitos de agiotagem presos nesta terça-feira (11) na Operação Macondo, realizada em seis cidades do Piauí, emprestavam dinheiro vindo da Colômbia a pequenos comerciantes e vendedores ambulantes, segundo a Secretaria de Segurança Pública. Eles também enviavam parte da quantia arrecadada, no Pix, para fora do país.
De acordo com a SSP, os investigados são, em sua maioria, colombianos e venezuelanos e ofereciam empréstimos informais com juros que ultrapassavam 30% ao mês. O grupo fazia propaganda dos serviços ilegais e usava pequenos cartões para gerenciar a contabilidade.
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A Justiça também determinou o bloqueio de R$ 5 milhões nas contas dos investigados. Entre os materiais apreendidos estão os cartões e um caderno usados para o controle das dívidas, dinheiro em espécie e um livro do traficante colombiano Pablo Escobar.
"Eles ofereciam [os serviços] por meio de cartazes, afixados principalmente na região central de Teresina, que apresentavam disponibilidade de crédito fácil. A gente também monitorou a presença deles em shoppings populares e nas zonas comerciais das cidades", disse o delegado Yan Brayner, diretor de inteligência da Polícia Civil do Piauí.
Além da agiotagem e lavagem de dinheiro, os suspeitos presos são investigados por ameaças armadas, extorsões e até homicídios — cinco deles são apontados como responsáveis pelo suicídio de um cliente que não conseguiu cumprir as exigências do grupo na capital.
Ao todo, a polícia procura prender 15 pessoas e cumprir 18 mandados de busca e apreensão em endereços ligados aos suspeitos em Teresina, Parnaíba, Oeiras, Barras, Picos e Água Branca.
Como o esquema funcionava
Os empréstimos começavam a partir de R$ 200 e eram pagos diariamente de forma fragmentada, como explica o delegado Roni Silveira, coordenador da Força Estadual Integrada de Segurança Pública (Feisp).
"O valor era aquele que o cliente quisesse pegar. O indivíduo calculava que, em um prazo de 20 dias, ele distribuía 1% ao dia; portanto, 20% em 20 dias. Eram pequenas frações pagas por dia", afirmou o delegado.
Em um dos cartões apreendidos na casa de um dos alvos da operação, a maior quantia identificada foi de R$ 1,5 mil. "A gente tem anotações em cadernos com valores maiores, prazos diferenciados, uma prática de juros também diferenciada", acrescentou o coordenador da Feisp.
Os suspeitos faziam as cobranças de forma violenta, recorrendo também a destruição de mercadorias, perseguição e intimidação psicológica, inclusive contra parentes dos clientes.
Agiotagem: suspeitos emprestavam dinheiro vindo da Colômbia e controlavam dívidas em cartões
Divulgação/SSP-PI
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