Bebê morre durante parto e família acusa maternidade de negligência em MS
16/10/2025
(Foto: Reprodução) Pai de bebê que morreu durante o parto fala sobre tristeza
Um bebê morreu na manhã desta quinta-feira (16), durante um parto normal na Maternidade Cândido Mariano, em Campo Grande (MS). Ao g1, a família da criança acusa a equipe médica de negligência e violência obstétrica. A instituição afirma, em nota, que não identificou falhas ou negligência no atendimento, mas que o caso será apurado internamente. Confira a nota no final da reportagem.
Segundo relato dos familiares, Cláudia, de 32 anos, mãe da criança, foi internada por volta das 11h de quarta-feira (15), acompanhada do marido, José Eduardo de Souza, de 29 anos. O parto ocorreu cerca de 20 horas depois, entre 7h30 e 8h da manhã de quinta-feira.
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A avó do bebê, Miriam, afirmou que o parto foi conduzido com o uso de força excessiva.
"O médico pediu para o que o José Eduardo, meu filho, auxiliasse na força. Então o médico passou o braço em cima da barriga dela. E aí ele falou para o Eduardo passar o braço dele também. Então foram dois homens forçando. Quando fez essa força, o Eduardo falou que já expeliu o bebê".
Após a saída do bebê, Ravi foi colocado no colo da mãe, mas não apresentou sinais vitais. Equipes médicas iniciaram imediatamente manobras de reanimação, com o uso de aparelhos, na presença dos pais. As tentativas duraram cerca de 40 minutos, mas o recém-nascido não resistiu.
Cláudia, que já é mãe de dois filhos e realizou acompanhamento pré-natal, não recebeu, segundo a família, nenhuma recomendação para cesariana, mesmo com exames que indicavam o peso estimado do bebê — cerca de 3,4 quilos.
O pai contou ao g1 que, após a morte do filho, o médico informou que, mesmo se Ravi sobrevivesse, ele teria sequelas neurológicas graves.
Segundo ele, não foi feito qualquer exame pré-parto que indicasse o tamanho ou peso do bebê, o que poderia ter influenciado na escolha da via de parto. Ele também relatou uma conversa com o médico após a morte do filho:
"Depois ele [o médico] chegou na minha esposa e disse ‘você sonha em ter outro filho?’. Ela falou que no momento não tem como pensar nisso, porque está abalada psicologicamente, assim como eu. Aí ele olhou pra mim e falou ‘então vocês tentam fazer outro filho. Fazendo outro, vocês trazem aqui que eu vou fazer na cesárea’."
A família também afirmou que não recebeu apoio da maternidade após o óbito. O corpo de Ravi foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML), após os trâmites legais na Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA).
Miriam declarou que espera esclarecimentos e responsabilização, caso sejam comprovadas falhas:
“Eu quero mais esclarecimentos. E eu quero que seja feita justiça tanto pela minha nora, quanto pelo meu neto, quanto pelo meu filho."
A Polícia Civil informou que o caso será investigado a partir do boletim de ocorrência registrado pela família.
Nota na íntegra
"A Maternidade informa que a paciente Claudia Batista da Silva foi internada na quarta-feira (15) para indução de parto normal, com 40 semanas e 4 dias de gestação, em razão de bolsa rota, procedimento realizado com o consentimento da paciente.
A gestante possuía histórico de dois partos normais anteriores e, durante todo o processo, recebeu acompanhamento contínuo da equipe médica e de enfermagem. No momento do parto, houve a ocorrência de distócia de ombro, uma complicação obstétrica grave e imprevisível, que pode ocorrer mesmo em condições de parto consideradas normais.
Infelizmente, apesar de todos os esforços da equipe, o caso teve desfecho trágico, com o óbito do recém-nascido.
Ressaltamos que, a princípio, não foi identificada qualquer falha ou indício de negligência na condução do atendimento. Ainda assim, por compromisso com a transparência e a qualidade da assistência, o caso será apurado pelas Comissões de Ética e de Óbito da instituição, conforme protocolo interno.
A Maternidade manifesta profundo pesar pela perda e solidariedade à família, reiterando seu compromisso com a ética, a humanização e a segurança no atendimento a todas as pacientes."
Caso é investigado pela Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (DEPCA).
Polícia Civil/MS
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