Dólar abre com mercado repercutindo decisão do Copom e à espera de sinais do Fed
06/11/2025
(Foto: Reprodução) Copom mantém selic em 15% ao ano
O dólar inicia a sessão desta quinta-feira (6) de olho no cenário interno e externo. Já o Ibovespa, principal índice da bolsa, abre às 10h.
As atenções se voltam para a repercussão da decisão do Copom sobre a taxa básica de juros (Selic), além da isenção do IR aprovada no Senado. No exterior, os destaques vão para os discursos de autoridades americanas e para os preparativos da COP30, que será realizada em Belém.
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▶️ O Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a taxa Selic em 15% ao ano, decisão que já era amplamente esperada. Foi a terceira reunião consecutiva sem alteração, no qual o BC apontou que o cenário internacional ainda exige cautela, especialmente diante das incertezas nos Estados Unidos.
▶️ No Congresso, o Senado aprovou o projeto de lei que isenta do Imposto de Renda quem recebe até R$ 5 mil por mês e eleva a taxação sobre as faixas de renda mais altas.
▶️ Em Belém (PA), tem início a COP30, conferência da ONU sobre mudanças climáticas. O encontro reúne líderes globais para discutir estratégias de transição energética e combate à crise ambiental. Entre os participantes confirmados estão os presidentes da França, África do Sul, Quênia e o premiê do Reino Unido.
▶️ Nos EUA, autoridades do Federal Reserve (Fed), o banco central americano, participam de eventos ao longo do dia. Michael Barr e John Williams falam às 13h, seguidos por Christopher Waller às 17h30 e Henry Paulson às 18h30.
▶️ A temporada de balanços segue movimentando os mercados. Entre as empresas que divulgam os resultados do terceiro trimestre estão Petrobras, Suzano, Sanepar, Energisa, Smart Fit, Renner, Assaí e Magalu.
Veja a seguir como esses fatores influenciam o mercado.
Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair
💲Dólar
a
Acumulado da semana: -0,35%;
Acumulado do mês: -0,35%;
Acumulado do ano: -13,25%.
📈Ibovespa
Acumulado da semana: +0,78%;
Acumulado do mês: +0,78%;
Acumulado do ano: +25,29%.
Maior shutdown da história
A paralisação do governo dos EUA chegou nesta quarta-feira ao 36º dia, tornando-se oficialmente a mais longa da história do país.
O impasse começou em 1º de outubro, após o Congresso não conseguir aprovar um novo pacote de financiamento. Desde então, milhões de americanos têm enfrentado impactos diretos, como atrasos em viagens, suspensão de serviços e falta de pagamento a servidores públicos.
A assistência alimentar para cerca de 42 milhões de pessoas foi interrompida, deixando famílias sem os cerca de US$ 180 mensais. Funcionários federais, incluindo policiais, militares e agentes de aeroportos, estão sem receber salários.
Desde o início da paralisação, mais de 3,2 milhões de passageiros enfrentaram atrasos ou cancelamentos de voos.
O Escritório de Orçamento do Congresso estima que, se durar mais uma semana, o impacto na economia pode chegar a US$ 11 bilhões.
Após decisão judicial, o governo foi obrigado a liberar recursos emergenciais, mas o presidente Donald Trump afirmou: “[Os benefícios] só serão pagos quando os democratas abrirem o governo”.
No Senado, republicanos prometeram votar a extensão de subsídios de saúde em troca da reabertura, mas democratas consideram a proposta insuficiente. “Estamos explorando todas as opções”, disse o líder democrata Chuck Schumer. Enquanto isso, o Congresso segue sem acordo.
O shutdown também tem provocado o atraso dos dados oficiais, como o payroll e o índice de preços ao consumidor (CPI), deixando os investidores sem parâmetros claros sobre os próximos passos do Federal Reserve (Fed), o banco central americano.
Agenda econômica
Criação de emprego nos EUA
A criação de vagas no setor privado dos EUA teve recuperação em outubro, segundo o relatório da ADP divulgado nesta quarta-feira (6). Foram abertas 42 mil novas posições no mês, após o fechamento revisado de 29 mil vagas em setembro. A expectativa de analistas era de 28 mil novas contratações.
O relatório da ADP é elaborado em parceria com o Stanford Digital Economy Lab e costuma ser usado como uma prévia do relatório oficial de empregos do governo americano, o Payroll. No entanto, economistas alertam que os dados da ADP devem ser vistos como complemento, não como substituto.
“Os dados da ADP são limitados às empresas que usam seus serviços de folha de pagamento, o que os torna menos representativos nacionalmente”, explicou Matthew Martin, da Oxford Economics.
Com a paralisação do governo dos EUA, o relatório oficial de setembro não foi divulgado, e há dúvidas sobre a produção do relatório de outubro. A suspensão da coleta de dados pode comprometer a entrega completa do documento.
Mesmo com limitações, o relatório da ADP ajuda a indicar tendências do mercado de trabalho. Segundo Angus McGeoch, da Barrenjoey, “trata-se de uma realização de lucros a curto prazo”, refletindo cautela dos gestores diante do cenário atual.
Votação da isenção do Imposto de Renda
Outro destaque desta quarta-feira (5) fica com a votação, no Senado, do projeto que amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil por mês e estabelece descontos para rendas de até R$ 7.350 mensais.
Depois de aprovado, o texto ainda precisa ser sancionado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para entrar em vigor. Veja perguntas e respostas sobre a ampliação da isenção do IR
Suprema Corte dos EUA questiona legalidade do tarifaço
Por fim, também ficou no radar dos investidores a audiência promovida pela Suprema Corte dos Estados Unidos para tratar sobre a legalidade do tarifaço imposto pelo presidente norte-americano, Donald Trump.
Depois de um debate que durou mais de 2h, os juízes agora deliberam sobre o tema. Ainda não há, no entanto, prazo para uma decisão.
Tanto os juízes conservadores quanto os liberais questionaram o advogado que representa o governo Trump. As dúvidas giraram principalmente sobre se o presidente havia infringido a competência do Congresso ao impor tarifas com base em uma lei de 1977, destinada a ser usada durante emergências nacionais.
Alguns juízes conservadores argumentaram, no entanto, que a Corte estava debatendo o poder "inerente" que os presidentes têm ao lidar com países estrangeiros — o que sugere que os juízes podem estar fortemente divididos quanto ao resultado do caso. O tribunal tem uma maioria conservadora de 6 a 3.
Entenda se a Suprema Corte pode barrar tarifas de Trump
Bolsas globais
Os principais índices de Wall Street operavam com estabilidade na abertura, após uma liquidação liderada pelo setor de tecnologia na sessão anterior devido ao aumento das preocupações com as avaliações das ações.
Apesar disso, um relatório forte da ADP de emprego no setor privado acalmou alguns temores sobre o enfraquecimento do mercado de trabalho.
O Dow Jones Industrial Average subia 0,03% na abertura, para 47.097,31 pontos. O S&P 500 caía 0,03%, a 6.769,77 pontos, enquanto o Nasdaq Composite ganhava 0,04%, para 23.358,075 pontos.
Na Europa, os mercados seguem em baixa, acompanhando o clima de cautela observado nos EUA e na Ásia. Investidores demonstram preocupação com os preços elevados das ações de tecnologia e inteligência artificial, temendo que o setor esteja sobrevalorizado e possa enfrentar correções mais fortes.
No fechamento, os principais índices europeus registravam queda. O STOXX 600 fechou com alta de 0,23%, o DAX (Alemanha) subiu %, o FTSE 100 (Reino Unido) avançou 0,68%, e o CAC 40 (França) teve alta de 0,16%.
Os mercados asiáticos fecharam mistos nesta quarta-feira. Na China, os índices subiram após uma sessão instável, com destaque para ações de energia solar e novas tecnologias, que compensaram o nervosismo causado pela queda em Wall Street no dia anterior.
Já em outras regiões, o sentimento foi mais negativo, com investidores migrando para setores mais defensivos.
No fechamento, o Nikkei (Tóquio) avançou 2,5%, enquanto o SSEC (Xangai) subiu 0,23% e o CSI300 teve alta de 0,19%. Em Hong Kong, o Hang Seng caiu 0,07%. Já o Kospi (Seul) recuou 2,85%, o Taiex (Taiwan) perdeu 1,42% e o Straits Times (Cingapura) teve baixa de 0,14%.
*Com informações da agência de notícias Reuters.
Notas de dólar.
Murad Sezer/ Reuters