Família cobra ajuda por notícias de documentarista brasileiro que estava em flotilha rumo à Gaza e sumiu: 'Cada minuto uma tortura'
02/10/2025
(Foto: Reprodução) Israel intercepta flotilha com ajuda humanitária para Gaza
O documentarista carioca Miguel Viveiros de Castro está desaparecido desde a interceptação da embarcação 'Global Sumud Flotilla' por forças navais israelenses, durante uma missão humanitária rumo à Faixa de Gaza.
A família dele denuncia o desaparecimento como um sequestro e cobra ação imediata do governo brasileiro, que acompanha o caso por meio do Itamaraty.
Miguel estava a bordo do barco Catalina, uma das mais de 40 embarcações que compunham a flotilha, carregando alimentos e remédios para a população palestina sitiada.
Desde o ataque, não houve qualquer comunicação ou registro de vídeo, como previa o protocolo de segurança adotado pelos participantes. A ausência de sinais levou a família a exigir que o desaparecimento seja formalmente reconhecido.
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Comunicado da família
Em nota pública, os familiares de Miguel Viveiros de Castro denunciaram o desaparecimento como um crime e exigiram respostas concretas.
“Miguel não é número, não é abstração. É uma vida, é uma pessoa, é um brasileiro desaparecido em meio a uma operação que ataca não apenas Gaza, mas também aqueles que ousam romper o cerco”, diz o comunicado assinado por Marta Viveiros de Castro e Luiz Rodolfo.
Miguel Viveiros de Castro estava em missão humanitária rumo à Faixa de Gaza, quando a embarcação foi interceptada pelo governo israelense.
Reprodução redes sociais
A família apresentou três exigências principais:
Que o desaparecimento de Miguel seja reconhecido formalmente;
Que autoridades brasileiras e internacionais atuem de imediato para esclarecer seu paradeiro;
Que a verdade seja estabelecida, sem subterfúgios linguísticos como “possivelmente interceptado”.
“A incerteza é devastadora. É uma forma de sofrimento que destrói por dentro, que impede a família de respirar, que torna cada minuto uma tortura”, afirmam os familiares.
Situação da delegação brasileira
Segundo atualização divulgada pela coordenação da missão, 12 brasileiros foram confirmados como sequestrados pelas forças israelenses e levados ao porto de Ashdod, entre eles parlamentares como a deputada Luizianne Lins (PT) e a vereadora Mariana Conti (Psol).
Barco da Global Sumud navega perto da ilhota Koufonisi, na Grécia, em 26 de setembro de 2025
REUTERS/Stefanos Rapanis
O governo brasileiro, por meio do Itamaraty, afirmou que acompanha com preocupação a detenção dos cidadãos e condenou a ação militar de Israel, classificando-a como uma violação dos direitos humanos e da liberdade de navegação em águas internacionais.
A Embaixada do Brasil em Tel Aviv está em contato com autoridades israelenses para garantir assistência consular aos detidos. O ministro Mauro Vieira também se reuniu com parlamentares e representantes da sociedade civil para tratar do caso.
Quem é Miguel Viveiros de Castro
Miguel Viveiros de Castro é documentarista e ativista brasileiro, conhecido por seu trabalho em defesa dos direitos humanos e das causas ambientais.
Entre seus projetos está o filme Mundurukânia, Na Beira da História, que retrata aldeias indígenas na Amazônia.
Com formação jurídica e atuação em infraestrutura, Miguel também tem histórico de envolvimento em movimentos sociais e políticos, com posicionamento crítico ao governo israelense e às políticas de ocupação na Palestina.
Sua participação na flotilha humanitária foi motivada pela defesa da população palestina e pela denúncia do bloqueio imposto à Faixa de Gaza. Durante a missão, Miguel gravou relatos sobre os riscos envolvidos e a importância da ação humanitária.