Ferrovia entre Brasil e Peru deve impulsionar produção agrícola e pecuária em RO, diz economista
09/07/2025
(Foto: Reprodução) Expectativa é que, com a nova rota de escoamento, produtos como soja, milho, algodão, couro, peixe e carne bovina ganhem competitividade no mercado internacional. Brasil e China firmam parceria que prevê ferrovia ligando Atlântico e Pacífico
A ferrovia prevista a partir de um acordo entre Brasil e China, que vai ligar o território brasileiro ao porto de Chancay, no Peru, deve contribuir para a expansão da produção de alguns itens agrícolas e pecuários em Rondônia, de acordo com o economista Otacílio Moreira.
🔎 Os governos do Brasil e da China assinaram uma parceria para permitir a ligação entre o território brasileiro e o porto de Chancay, no Peru, a fim de facilitar as exportações para a Ásia. O projeto inicial prevê que a ferrovia vai sair da Bahia, passará pelos estados de Goiás, Mato Grosso, Rondônia e Acre, até chegar ao Peru.
À Rede Amazônica, Otacílio informou que essa ligação deve provocar um impacto significativo na economia do estado. A expectativa é que, com a nova rota de escoamento, produtos como soja, milho, algodão, couro, peixe e carne bovina ganhem competitividade no mercado internacional.
“Vai ajudar a contribuir bastante para a expansão da produção de alguns itens agrícolas e pecuários. Estamos falando aí de soja, de milho, o algodão agora que Rondônia também já está produzindo, do couro nosso que vai para outras regiões e de outros itens, do pescado, da nossa carne bovina”, afirmou o economista.
Com o novo modal, o transporte de cargas deve ficar mais barato em comparação ao sistema atual, que depende principalmente da BR-364. Para Otacílio, a ferrovia ajudaria a reduzir o chamado "custo Brasil", um dos principais dificuldades para a competitividade dos produtos da região Norte.
“Essa malha ferroviária chegando aqui nessa porção amazônica contribuirá bastante com a redução de custo”, explicou.
Além do barateamento no transporte, a obra também é vista como um caminho para abrir novos mercados consumidores, tanto na Ásia quanto na América do Sul. Hoje, por exemplo, Rondônia já exporta tambaqui para o Peru, país que deve ser um dos principais pontos de conexão da ferrovia com o Pacífico.
“Rondônia, por exemplo, já está exportando peixe, o nosso tambaqui, para o país peruano. E isso poderá aumentar mais ainda nos próximos anos com a vinda dessa ferrovia.”
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Geração de empregos
Segundo Otacílio, outro impacto direto da obra deve ser a geração de empregos em municípios estratégicos ao longo do trajeto da ferrovia. Cidades como Vilhena (RO), Cacoal (RO), Jaru (RO), Ariquemes (RO) e Porto Velho podem ser beneficiadas com pontos de parada e logística de carga e descarga.
“Haverá vários pontos de parada e isso propiciará vários empregos, principalmente da área logística, que estará fazendo aquele trabalho de carga e descarga desse trem.”
A longo prazo, a presença da ferrovia também pode contribuir para o surgimento de novos centros urbanos em Rondônia. Esse fenômeno já foi observado em outros estados brasileiros, como São Paulo e Paraná.
“Estamos falando de novas possibilidades que o estado de Rondônia poderá ter a partir dessa ferrovia... o surgimento de novos municípios ao longo dessa ferrovia. Isso é muito possível. Já vimos isso acontecer em São Paulo, no Paraná, é muito comum.”
Entenda o acordo
Brasil e China assinam parceria para construir rodovia que liga os oceanos Atlântico e Pacífico
Arte/g1
Os governos do Brasil e da China assinaram na última segunda-feira (7) uma parceria para permitir a ligação entre o território brasileiro e o porto de Chancay, no Peru, a fim de facilitar as exportações para a Ásia, especialmente para a China, reduzindo o tempo de transporte e os custos.
O projeto inicial prevê que a ferrovia vai sair da Bahia, passará pelos estados de Goiás, Mato Grosso, Rondônia e Acre, até chegar ao Peru. Ainda não há estimativas em relação ao custo da ferrovia, o que será orçado durante os estudos.
O acordo assinado prevê a parceria entre equipes brasileira e chinesa para aprofundar uma pesquisa sobre a estrutura logística nacional, com foco na intermodalidade e na sustentabilidade econômica, social e ambiental. Sendo assim, o estudo vai incluir além das ferrovias, hidrovias e rodovias.
Para Leonardo Ribeiro, secretário Nacional de Transporte Ferroviário, a parceria representa "um passo estratégico para o setor de transporte no Brasil, especialmente na área ferroviária".
"É o primeiro passo de jornada técnica e diplomática para aproximar continentes, reduzir distâncias e reforçar a relação de longo prazo", disse p secretário Nacional de Transporte Ferroviário, Leonardo Ribeiro.
Segundo o secretário, o acordo tem prazo inicial de cinco anos e pode ser prorrogado. Ele relembra, ainda, entre 2015 e 2016 foram feitos estudos sobre o tema, mas não foram adiante porque o Brasil "estava em outro contexto".
Agora, ele acredita que vai ser possível porque o país se desenvolveu mais em termos de infraestrutura, como nas ferrovias, e que pode ser possível utilizar as já existentes no plano.