Influenciadores digitais divulgavam esquema de raspadinhas ilegais que destinava 80% dos lucros para facção criminosa em MT
18/10/2025
(Foto: Reprodução) Operação Raspadinha operava em mais de 20 cidades de MT é deflagrada nesta terça (14)
Influenciadores digitais divulgavam esquema de raspadinhas ilegais que destinava 80% dos lucros para facção criminosa em Mato Grosso, de acordo com a Polícia Civil neste sábado (18). Contudo, nenhuma identidade foi divulgada.
O esquema foi desarticulado na Operação Raspadinha do Crime, deflagrada na última terça-feira (14).
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A engrenagem criada pela facção criminosa foi descoberta pela investigação da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) e pela Delegacia Especializada de Repressão ao Crime Organizado (Draco), da Polícia Civil de Mato Grosso, em conjunto com a Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (Ficco).
Os integrantes da facção montaram núcleos regionais nas cidades onde eram revendidas as raspadinhas, coordenados pelos próprios membros do grupo criminoso, chamados de “irmãos da facção”, responsáveis diretos pelos pontos, que eram identificados como “quebradas”, segundo a investigação.
Parte dos envolvidos no esquema atuava como influenciadores digitais e pequenos empreendedores, promovendo os jogos em redes sociais e propagando a falsa ideia de que se tratava de uma ação promocional legítima.
A polícia revelou um sofisticado esquema hierárquico, em que membros do grupo mantinham funções fundamentais, como atuar na distribuição dos bilhetes aos comércios para arrecadar os valores, promover controle contábil, prestação de contas e a remessa dos valores ao núcleo principal.
Em relação à atuação dos "irmãos", a investigação mostrou que eles intimidavam os comerciantes ou até mesmo acionavam a "disciplina" da facção em caso de descumprimento das normas ou ameaças ao andamento do esquema.
Assim, os núcleos regionais e locais constituíam a base territorial da estrutura criminosa, assegurando sua capilaridade, lucratividade e a manutenção da ordem imposta pela facção, de acordo com a polícia.
Como funcionava o esquema
A polícia descobriu que os criminosos dividiam os lucros da seguinte maneira:
10% ficavam com o distribuidor local (irmão da quebrada);
10% eram repassados ao comerciante revendedor
80% restantes eram encaminhados ao núcleo financeiro da facção, pelos “irmãos” que realizavam a transferência para a conta “laranja” indicada após o fechamento mensal.
A primeira publicação oficial da “Raspa Brasil” ocorreu em 23 de março deste ano, por meio do perfil no Instagram criado especificamente para divulgação do projeto. Pouco depois, o perfil passou a ter um grande alcance no interior.
Para divulgação e expansão da atividade ilícita, a facção criminosa utilizava influenciadores digitais, inclusive menores de idade, que eram recrutados para divulgar os bilhetes nas redes sociais, criando uma narrativa de normalidade, sorte e êxito financeiro.
Diversos jovens, com grande número de seguidores nas redes sociais, foram cooptados pelo grupo criminoso para divulgar vídeos de supostos prêmios, normalizando a prática e expandindo o alcance da “marca” em toda a internet.
Comerciantes e donos de bares e distribuidoras também atuavam na divulgação e expansão do produto no estado.
Uma jovem influencer se identificava como “representante” do esquema, responsável por gravar dezenas de vídeos promovendo o jogo e associando sua imagem à iniciativa. Com isso, a ideia era evitar associar os jogos com a facção, e sim com a influencer. Essa estratégia permitiu que o grupo crescesse de forma rápida.
Distribuição e prêmios
As remessas de raspadinhas eram enviadas por transportadoras comuns, acompanhadas de notas de carga simuladas para disfarçar o conteúdo dos malotes, segundo a polícia. A unidade era comercializada pelo valor de R$ 5, com promessas de premiação de até R$ 50 mil.
O pagamento de prêmios era realizado por meio de um QR Code, que direcionava os ganhadores a um número de WhatsApp em que ocorria a comunicação direta para o resgate dos supostos prêmios.
Apesar dos valores prometidos, não foi identificado, no material apreendido durante diversas ações e operações da Polícia Civil, nenhum prêmio superior a R$ 100.
Influenciadores digitais divulgavam esquema que destinava 80% dos lucros para facção em MT
Polícia Civil