Rochas com 'linhas misteriosas' às margens do Rio Tocantins têm cerca de 200 milhões de anos, diz geólogo
09/11/2025
(Foto: Reprodução) Vídeo mostra linhas 'misteriosas' em rochas às margens do rio Tocantins
As rochas com linhas perfeitas que chamaram a atenção de moradores em Aguiarnópolis, no norte do estado, possuem aproximadamente 200 milhões de anos, segundo o geólogo Otton Pinheiro. O especialista conta que as rochas possivelmente foram formadas pelo resfriamento e solidificação do magma, enquanto os "riscos" foram formados por movimentos tectônicos de escala regional.
"É perfeitamente possível [as linhas retas na rocha]. O estranho seria se ela não fosse reta. Elas são resultantes de movimentos tectônicos de escala regional", explicou o geólogo.
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As imagens das linhas no norte do Tocantins foram registradas pelo vereador Elias Júnior no dia 2 de novembro de 2025. Ele e o morador Francisco Nivaldo foram até a margem do Rio Tocantins para gravar um vídeo sobre a construção da ponte Juscelino Kubitschek, quando avistaram as rochas.
"É um mistério porque é só naquele meio lá que tem. Eu fiquei imaginando o que poderia ser uma coisa daquela ali. Pela idade que eu tenho, conheço muito o interior, que tem muita pedra, nunca tinha visto uma coisa igual aquela ali", contou Francisco.
Linhas são vistas em rochas às margens do rio Tocantins
Elias Júnior/Reprodução
Como descobrir a idade de uma rocha?
Em entrevista ao g1, o geólogo Otton Pinheiro explicou como é feita a identificação da idade das rochas. Essa ciência recebe o nome de datação geocronológica. Nela, são usadas várias técnicas para saber sobre a formação das rochas.
O especialista conta que, atualmente, as datações são feitas em laboratórios ultramodernos. Entre os métodos utilizados estão: U-Pb (urânio-chumbo), Rb-Sr (rubídio-estrôncio) e K-Ar (potássio-argônio).
"O método selecionado analisa os elementos químicos instáveis presentes nas rochas. São chamados instáveis por sofrerem decaimento radioativo, se transformando em outros elementos químicos mais estáveis. Conhecida a velocidade com que ocorre essa transformação, é possível determinar há quanto tempo o processo está acontecendo em uma determinada rocha", explicou.
No caso de Aguiarnópolis, a datação das rochas já havia sido feita pelo Serviço Geológico do Brasil. Segundo o geólogo, elas pertencente a 'Formação Mosquito', um conjunto de rochas vulcânecas, da Bacia Sedimentar do Maranhão. Por isso, ao identificar que elas são rochas igneas, formadas pela solidificação do magma, é possível saber a 'idade' aproximada delas.
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Levantamento geológico no Tocantins
Equipamentos usados no mapeamento aerogeofísico
Igo Estrela/Serviço Geológico do Brasil
Um mapeamento geológico é realizado no Tocantins, nas regiões sul e sudeste, para identificar locais com potencial para mineração. Segundo Otton, por meio desse levantamento, também é possível identificar estruturas geológicas como falhas e fraturas.
O levantamento é feito por meio de uma aeronave equipada para registrar variações do campo gravitacional, radiação e magnetismo no subsolo. Ele deve passar por 20 cidades do Tocantins.
"Embora as técnicas empregadas sejam voltadas principalmente à prospecção de minerais metálicos como cobre, ouro, zinco, chumbo, prata, ferro, manganês, níquel, elementos de terras raras, dentre outros, fundamentais para a transição energética. Os dados gerados também oferecem inúmeras aplicações, como na agricultura, gestão ambiental e planejamento territorial", explicou o geólogo Sanclever Freire Peixoto.
O último levantamento aerogeofísico feito no Brasil ocorreu em 2015. No Tocantins, a base do projeto fica em Porto Nacional. A pesquisa é coordenada pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB) e conta com investimentos de R$ 10,5 milhões do Novo Programa de Aceleração do Crescimento.
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